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  • Como perder com narrativas

    Na Universidade Federal de Santa Catarina, mais uma façanha foi alcançada pela militãncia organizada.

    Depois de seguidas interrupções, finalmente o Conselho Universitário deliberou e retirou a homenagem ao fundador e primeiro reitor, retirando no nome de João Davi Ferreira Lima, que identificava o campus sede da Universidade.

    Os proponentes declaram, entre muitas de suas declarações, que não é uma condenação ao ex-homenageado mas mais uma reparação à imagem da Universidade e uma campanha pela verdade e memória.

    Como isso poderia ser polêmico? Por que teve a repercussão que teve? Seria alguém contra a verdade, a memória e a justiça? Como sustentaria essa posição?

    _ Não sustenta. Essa declaração não foi explorada. Foi evitada e o debate se deu em torno da pessoa e de passagens. Mas nunca foi sobre isso.

    Todo mundo sabe, ou pelo menos suspeita, que há algo de errado nessas palavras de ordem:

    “Alô elite, preste atenção, os estudantes querem a reparação…”

    “Tira a homenagem, fascista não se cria dentro da Universidade…”

    “Chega de censura, educação não é lugar para ditadura…”

    “E toda luta, será lembrada, aqui estão os herdeiros da novembrada…”

    “Recua fascista recua…”

    “Nem um passo atrás, ditadura nunca mais…”

    Essas frases não se referem ao que estavam decidindo. Tomam a decisão como óbvia e transportam para o campo do confronto. Isso é uma estratégia.

    Por que isso dá certo?

    Porque o público tem dificuldade em explorar os termos complexos e carregados que são usados. As estratégias podem até serem percebidas mas poucas são as condições para elaborar melhores respostas. Não passam de reações já previstas na estratégia, que acaba sendo reforçada.

    À escolha de pautas e fatos e a habilidade em empregar termos universais como premissas podemos chamar de narrativas. A aplicação dessas estratégias podemos chamar de guerra de narrativas.

    É preciso identificar e reconhecer esse contexto para evitar ser dominado. A não-esquerda (que chamam de extrema-direita), não tem consciência disso e faz um triste papel de derrotado.

    O que ocorreu nessa semana é um resultado dessa falha. De querer reagir dentro da narrativa como se fosse o mérito. Não foi observada essa estratégia, que já estava presente desde a admissão de uma Comissão da Verdade e Memória.

    Para que resultados deixem de ser polêmicas, exploradas por interesses incertos, é necessário o tratamento adequado.

    Alcançar outros resultados, para além polêmicas exploradas por interesses incertos, implicaria em desmontar narrativas e focar na falsidade do pretenso fundamento.

    Apesar da dificuldade, se existe um lugar em que isso deveria ser adequadamente tratado, seria na universidade.

    Se existe uma percepção de que algo está errado, e há intenção de se manifestar, essa deveria mirar na exposição do contexto. Na exposição minuciosa e sistemática da narrativa, com os mesmos e também mais fatos para rejeitar por impertinência e improcedência, sem cair na armadilha da discordância. Os fragmentos de verdade só continuam sendo verdade se concordam com suas implicações.

    Logicamente é falso que os propositores são contra golpistas.

    Logicamente, podem ser contra algum personagem que seja útil identificar como golpista.

    Michel Temer seria um recente golpista mas, porque de fato ninguém liga, nem eles ligam pra isso, é tranquilamente ignorado pela militância.

    Logicamente é falso que valorizam a memória.

    Logicamente, valorizam o que seja útil aos declarados interesses políticos, mais do que a própria instalação da universidade.

    Apenas uma interpelação dessas já basta para invalidar e barrar a narrativa. Ainda assim dezenas de outras estão disponíveis.

    Sendo falso que sejam contra ditadura, pela democracia, ou pela justiça a exposição dessas falsidades deve ser feita para desarmar a narrativa. Do contrário estará se submetendo ao seu domínio e será quase inútil tentar confrontar.

    É diferente de expor hipocrisia. É necessário expor a falsidade. Quando se expõe hipocrisia se preserva a narrativa, o ponto continua sob controle. O confronto se mantém dentro da narrativa. Quando se expõe a falsidade, se desarma a narrativa, a questão deixa de ser refém de um lado, fica livre e assim talvez reste algo para discutir.

    Bônus:

    No dia seguinte a prefeitura local submete projeto de lei para dar o nome do ex-homenageado à principal praça em frente à Universidade. Foi uma reação muito perspicaz mas ainda presa na narrativa. Mantendo a discussão aberta e relevante.

    Graças ao DCE e demais militantes muitos tiveram a oportunidade de conhecer não só a história da Universidade e biografia dos fundadores, mas o contato com seus herdeiros, ex-alunos e professores expoentes dessa história.

  • É isso que seu DCE faz

    O DCE da Universidade Federal de SC está incansável.

    Estão em luta contra uma estátua, numa campanha aberta para tirar o nome do fundador. Declaram que se trata de história e memória.

    Senso assim fica a mensagem de que não reconhecem a fundação da universidade como algo digno de homenagem e defendem ser mais importante um relatório polêmico sobre um período conturbado.

    Período esse que parecia estar superado, resultando legados como a própria universidade, até que esses militantes, que não viram a história de 10 anos atrás, viessem contestar os que de lá vieram.

    Automaticamente a causa deveria ser nula. Só de existir já justificaria a família pedir a retirada da homenagem de uma entidade que quer desistir do seu propósito. Enquanto tentam não assumir esse desejo, ficamos no campo da promoção de narrativa e de diversionismo.

    Mais do que defender o nome, a homenagem e a memória, está sendo oferecida a oportunidade de expor e explorar a inutilidade e a fraude de militantes militando errado.

    Defendem animadamente a conversão completa da instituição em palanque enquanto ignoram a degradação estrutural, social e moral ou, até para isso, reivindicam mais recursos.

  • Olá, mundo!

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